João Gustavo Santos, lembranças são o que levamos desta vida

Meu grande amigo,

E lá se foram 4 meses desde o momento que soubemos que não poderiamos mais compartilhar da sua presença ao nosso lado. Com muita dor aceitamos. São os desígnios de Deus. Mas isso não significa que você simplesmente desapareceu de nossas vidas. Isso nunca acontecerá. A dor por não poder te ver, falar contigo, te abraçar e, por que não, implicar com você, essa não vai passar.

As vezes sinto como se você ainda estivesse aqui, entre nós. Falamos sobre você como se ainda fossemos nos encontrar. Seu legado é enorme. Talvez na hora que você partiu não tivessemos a exata noção, mas hoje, depois de 4 meses, está claro. Suas marcas são inconfundíveis.

Se existem uma coisa que nunca nos abandona, são nossas lembranças. Aliás, é o que se leva desta vida. Muitos ingoram a possibilidade de viver, e apenas sobrevivem. O tempo que você ficou no hospital serviu para perceber isso claramente. Sempre que nos viamos, você lembrava das vezes que saimos para jantar depois do trabalho, e perdíamos a hora conversando. Fazíamos isso toda hora, como que fosse um prenuncio. E quando você foi cerceado de jantar conosco, sempre pensamos que em breve o faríamos de novo. Nunca mais fizemos. Me deixou um vazio das nossas conversas, mas ao mesmo tempo me alertou para minhas escolhas. Todos devemos sempre escolher viver, porque nosso tempo na terra nunca é certo.

Não esqueço de como conseguia passar mensagens positivos e falar de mim, quando na verdade o que eu queria era saber como você estava. Assim eram nossos visitas a você no hospital, ou as tantas conversas que tivemos ao telefone. Sempre subjulgamos a doença, acreditando os dois que ela também se convenceria disso, e o deixaria em paz. Falávamos de planos, de carreira, de trabalho, como se estivéssemos no escritório. E te confesso, agora, que aquele papo nunca me interessou. O que eu mais queria era te ver fora daquele hospital, curado.

Semana passada, ou mês passada, estávamos eu e Fernando, falando sobre a época em que trabalhamos juntos, quando fizemos o Top Gun. Éramos um trio. Progredimos juntos, partilhamos sonhos e vencemos desafios. Agora, segundo o Fernando, éramos só nós dois. Sua presença faz muita falta meu amigo.

De tudo o que escrevi, de todos os artigos que publiquei, o seu, logo após sua partida, foi o que mais me consumiu. Não me consumiu conhecimento. Me consumiu uma parte de mim, que ainda acreditava que a cura era possível e que estariamos juntos de novo em breve. Não tenho outra forma de externar a saudade, senão fazendo o que você tantas vezes me incentivou.

Saudades de você, meu grande amigo.

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