Vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos

Hoje, dia 22 de novembro de 2013, faz 1 ano que nosso amigo João Gustavo Santos, o Gus, nos deixou. Esta no céu, iluminando nossas noites com seu brilho. Parece que foi ontem que cheguei ao Quinta D´or, na esperança de vê-lo ainda com saúde, depois das última notícias que davam seu estado como terminal. Terminal foi sua passagem física. Aliás, este é o destino de todos nós um dia. Mas uma mensagem deixada por ele, e que seu pai tanto repetia, como se um mantra fosse, sintetiza uma das maiores lições que aprendi com ele durante sua luta contra a leucemia: vida é aquilo que acontece enquanto estamos fazendo planos. Não é uma frase dele (acho que foi o John Lennon quem a citou, também não tenho certeza) mas é um dos seus legados mais relevantes, e emocionantes.

Quantos de nós, seja por pressão da família, imposição da sociedade ou mera ambição, passamos mais tempo fazendo planos e mobilizando nossos dias em torno disso, ao invés de efetivamente aproveitá-los? Quantas vezes deixamos de criar momentos memoráveis, em prol de planos maiores? Então, que tal refletirmos um pouco: se você soubesse exatamente quando fosse morrer, você faria tudo exatamente igual no que diz respeito a viver uma vida planejada, ou se dedicaria a aproveitar ao máximo cada segundo? Como não sabemos a nossa hora, seguimos um modelo padrão onde o ter muitas vezes é mais importante do que o viver. Passamos a maior parte das nossas vidas acumulando bens, fazendo dinheiro, e se preocupando em ter um final de vida tranquilo.

Infelizmente, pro Gus, seus planos foram interrompidos. E em muitas visitas no hospital, vi uma pessoa que transformou radicalmente seus planos. Ora conservador, preocupado com a família e seu futuro, seu viu de uma hora pra outra sem poder cuidar de seus entes queridos. E passou então a pensar diferente. Todas as vezes que estava com ele, me pedia para aproveitar ao máximos as coisas pequenas, os detalhes do dia-a-dia que nos faziam felizes. Uma sobremesa, um cafezinho depois do almoço, uma soneca no final da tarde, aquele rodízio de pizzas de 5000 calorias, um passeio na orla, um beijo roubado em que você ama. Muita coisa simples que não damos valor, mas que passam a valer muito quando não podemos fazer.

E como nossa hora chega em avisar, como podemos investir tanto em planos, e viver tão pouco? Já dizia o poeta que devemos viver cada dia como se fosse o último. Exageros a parte, devemos pesar sim, o quanto paramos nossas vidas em função de tantos planos que fazemos e o quanto vivemos intensamente cada segundo. Viajar é preciso. Conhecer outros lugares, outras culturas, viver, mesmo que por poucos dias, uma vida que não é sua. Quem não viaja, vê sempre o mundo pela mesma lente. Acha que todas as pessoas do mundo são iguais. Quem não viajou não tem história pra contar. E as histórias, as lembranças e as memórias é o que levamos desta vida. Viaje mais, viva mais!

Não deixe o amanhã chegar pra fazer o que você tanto gosta. Planeje o necessário. Viva sem limites. Gus me pedia todas as noites que passava com ele no hospital, para ir na Parme, comer o rodizio de pizzas que tantas vezes fomos juntos. Um ato simbólico, de alguém que se deu conta que seu tempo estava se esgotando, e que os valores que ele mesmo um dia valorizou, já não eram mais tão importantes. Não precisamos chegar no limite entre a vida e a morte para só então decidir viver. Este foi o maior ensinamento que este ser humano sensacional deixou pra mim, e que gostaria muito de compartilhar com todos vocês.


Gus, meu amigo, fique com Deus. Nós, que ficamos, sentimos muito a sua falta. 

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